Um ano sem ti. Um ano sem saber o som da tua voz, do teu cheiro. Uma ano em que apenas tinha uma certeza, a mais dura e cruel: a de que não voltaria a encontrar-te num desses acasos que a vida tantas vezes nos proporciona.
Voaste. Prefiro pensar assim. Voaste para um sítio onde não existe dor nem sofrimento. Subiste o mais alto que conseguiste e, finalmente, deitaste-te numa nuvem a descansar. A olhar por todos nós que ficamos deste lado devastados com a tua ausência. Com a forma cruel e desumana que a vida arranjou para te roubar daqui.
Foram dias duros. Foram momentos intensos que não posso esquecer. E nunca me perdoarei por não ter ido ao pé de ti naquele horrível leito e pedir-te que lutasses mais um pouco. Que não entregasses o jogo. Que não desistisses. Não me perdoo por não te ter dito que eras uma menina muito especial que sempre me deu um mundo cheio de sonhos.
Não, não me perdoo. Há quem me diga que foi melhor assim pois o teu sofrimento era atroz. Outros dizem-me que morreste serena. Eu prefiro acreditar nestes.
Tenho o coração ferido. Tenho a alma em pedacinhos sempre que me lembro que não peguei na tua mão. Sinto que devia tê-lo feito. Sinto que a vida passa demasiado depressa. Demasiado depressa como um sopro.
Um dia subirei à tua nuvem e deitar-me-ei junto a ti. Sorriremos juntas. Voltaremos a tagarelar como o fazíamos por aí, num qualquer canto onde nos encontrássemos.
Um ano que passou a correr. Dizes-me como estás? Diz-me que estás bem. E que esse coração finalmente repousou.

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