Uma das maiores e mais difíceis lições que aprendi com o meu pai foi a não chorar sobre o leite derramado.
Ensinou-me com exemplos e não com palavras. E é disso que mais me recordo quando tomo uma decisão difícil. Daquelas que nos colocam a alma em alvoroço mas o coração a bater ao ritmo dos nossos sonhos.
Lembro-me sempre de ver o meu pai mais empenhado em resolver as questões do que em pensar se se fez bem, se se deveria ter sido assim ou se o destino poderia ser outro se tivéssemos optado por outro itinerário.
Eu, ansiosa assumida não com muito gosto mas sem vergonha de o admitir, fui apreendendo muito a custo esta atitude que vejo no meu pai. Eu que antes de tomar uma simples decisão dou voltas e mais voltas à cabeça, passo noites sem dormir e o meu estômago sofre compulsivamente.
Eu, rainha da indecisão, princesa do adiamento de decisões decidi dar a volta a isso e tomar decisões sem medo do que ainda tenho para perder.
Cheguei à conclusão que é o momento de arriscar. Que está nas minhas mãos dar a volta à minha vida e ir buscar o açúcar que ainda está lá no fundo esquecido.
Cheguei à conclusão que é o momento de arriscar. Que está nas minhas mãos dar a volta à minha vida e ir buscar o açúcar que ainda está lá no fundo esquecido.
E aí sigo eu. Já me tinham disto que tinha duas opções: enfrente ou em frente. E aí vou eu: em frente. De punhos cerrados, de cabeça levantada e com muita vontade de lutar no meu coração. Vou com a alma em alvoroço e o corpo a pedir descanso mas o meu coração quer ir mais longe e voar mais alto. E nós não devemos aprisionar o que de melhor temos: os nossos princípios, os nossos sonhos, a nossa raça e o nosso querer.
Quem sabe, se por obra do acaso ou do esforço que investimos, o destino não resolve surpreender-nos agradavelmente?
Quem sabe?