sexta-feira, dezembro 08, 2017

Carta ao Pai Natal

Querido Pai Natal, 
Não sei como começar esta carta. Talvez por ainda não ter caído em mim e já estamos novamente em Dezembro. 
É nesta altura do ano que gosto de parar o tempo e ficar a contemplar a chuva. Ali, ao som das gotas fartas, sento-me à luz dos piscas-piscas natalícios e revejo o ano que está prestes a terminar. É neste momento que choro decepções, que lamento sonhos que não se concretizaram e amores que se perderam, mesmo antes de chegarem à idade adulta. 

Este foi o ano de agir. Um ano em que não tive tempo de pensar nos passos que se seguiam, de ponderar, analisar e decidir. Este ano não tive decisões difíceis a tomar mas, nem assim, foi um ano calmo: tão depressa achei que tinha chegado à minha planície, como no dia seguinte me via nos picos da alegria e, semanas depois, na incerteza novamente. 

Foi um ano de loucos, Pai Natal. Não te chateies, não estou a queixar-me; estou apenas a reconhecer que elevaste muito a fasquia. Pediste-me destreza, rigor, foco, atenção. Exigiste-me fé, coragem e resiliência. Assim fiz; foi o ano em que dei mais aos outros do que a mim própria; em que me esforcei mais e me preocupei em manter os níveis de motivação bem acima do normal. 

Este foi O ano, tenho noção disso, Pai Natal. Foi o ano que me deste as oportunidades que poderias dar a alguém como eu que pôde contar apenas com a sorte. E vejo o quão sortuda fui, o quão generosa a vida foi comigo. E todos os dias agradeço por isso, mesmo que não o demonstre. 

Não foi o ano perfeito nem esteve perto de ser. A partida de alguém é sempre uma perda irreparável. Mas não falemos mais disso. Concentremo-nos nos ventos que sopraram a meu favor. Talvez tenha sido apenas eu que não tenha visto o quanto a vida me estava a presentear.
Este ano falo contigo de coração cheio e de projectos na mão. Falo-te de lágrimas nos olhos, de alma leve e de consciência tranquila. Falo-te ao ouvido e deito a cabeça no teu ombro para descansar um pouco neste teu aconchego com cheiro natalício e melodias características desta época. 
Este ano tenho mais a agradecer do que a pedir. E mesmo sabendo que, de um momento para o outro, corro o risco de cair da nuvem que me ofereceste, eu quero continuar a desfrutar destes doces momentos e a lutar, com todas as armas de que disponho, para manter os meus sonhos em movimento.

Pai Natal, este ano olho-te nos olho e apelo ao teu coração generoso para te pedir, com toda a humildade que me é característica, que me concedas a única coisa que mais quero: saúde. Saúde física para que o corpo me permita percorrer o mundo e estabilidade para que eu seja capaz de viver, efetivamente, aquilo que me faz feliz.  

Obrigada, Pai Natal. Muito obrigada. 







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