quarta-feira, novembro 25, 2015

"Calada e Quieta." - Relato da Violência Psicológica

No dia em que permiti que me humilhassem e me calei foi o dia em que deixei de ter respeito por mim. Não foi por amor. Não foi por saudade. Não foi por não conseguir viver sem ele. Foi por medo: dele, de mim e do que poderia acontecer comigo.
E foi a partir daí que me anulei. Que passei a viver olhando para o chão, de cabeça baixa. Passei a falar pouco e a sorrir quase nada. Comecei a dizer: "está bem" a tudo. Calei. Permiti. Sofri. Calada. Quieta. Sem nada transmitir. Calada. Quieta. Calada. Quieta.
E todas as noites em que me deitava, chorava. E as lágrimas não rolavam pelos olhos mas pela alma.
Sofri mais ainda. Calada. Quieta. Sem levantar ondas que pudessem trazer mais discussão e humilhação.
Nunca fui agredida fisicamente mas acho que inconsciente desejava ter sido. Pelo menos uma vez. Uma única que fosse.
A violência não é só o que se vê na pele. É tudo aquilo que se sente no corpo e na alma. E assim continuei eu a sofrer. Calada e quieta.
E no dia que quis libertar-me continuei a ser criticada, humilhada e culpabilizada. E deixei que assim fosse. Deixei que a culpa me convencesse. Deixei que os argumentos fortes e ameaçadores falassem mais alto.
E até voltar a sorrir e a libertar-me, passarei meses a sofrer. Calada. Quieta. Calada e quieta.

segunda-feira, novembro 23, 2015

O balanço

O sucesso ou insucesso de uma iniciativa está proporcionalmente relacionado com as  expectativas e objectivos estipulados. Deste modo, não posso extrapolar, falarei apenas por mim.
No passado fim de semana fui "obrigada" a parar a rotina atribulada que escolhi. Fui obrigada pelo meu ser que ia dando sinais de cansaço e de insatisfação.
Escolhi uma pessoa que muito admiro e por quem tenho um carinho muito, muito especial. Escolhi temáticas que me fazem parar e pensar. Acima de tudo, fazem-me melhorar enquanto mulher, enquanto profissional e enquanto ser humano.
Fiz viagens polvilhadas de desabafos, partilha e, acredito, de sabedoria. Vivi momentos meus, momentos de descanso, momentos de carinho. Vivi momentos sábios e únicos. De todos eles retirei sorrisos, informações, sensações.
Estive num espaço muito acolhedor, muito completo, muito bonito. Um lugar especial, acredito.
Encontrei pessoas com personalidades completamente distintas que, aos poucos, fui descobrindo e respeitando.
O balanço destes dias é francamente positivo. Os meus objectivos foram cumpridos e as minhas expectativas extrapoladas.
As reflexões que farei não serão resumidas a frases. Essas serão escritas nos caminhos da minha vida: em atitudes, em pensamentos que vou combatendo e mudando. As considerações que poderei tecer sobre as tematica abordadas são transcritas na minha resiliência, no meu sorriso nas adversidades, no bater feliz do meu coração quando tenho oportunidade de viver momentos pequenos aos olhos dos outros mas gigantes aos meus.
Porque a vida dá-nos sempre os dados para sabermos viver. Atirá-los ao lixo ou aprender como se joga depende unicamente de nós, da nossa resiliência e da nossa capacidade de pensar e de persistir.
Às vezes, somos obrigados a parar. Este fim de semana ainda bem que foi assim
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