Fui. Até ao fim da linha. Até onde as lágrimas me abriram caminho. Acima de tudo, fui até onde o coração apaixonado e crente me permitiu ir.
E lutei. Sei que não foi da forma que querias mas lutei. Numa guerra sem leis e apenas com armas obsoletas daquelas em que já poucos acreditam como a sinceridade, a persistência, a verdade, a amizade e o amor. Lutei contra muito daquilo que abomino e me revolta. Quis tanto que a carruagem voltasse a entrar nos carris que me esqueci do facto mais importante de sempre: quem estava à frente do comboio era eu.
E fui eu quem saiu atropelada de uma história que tinha tanto de probabilidade de correr mal como de ser memorável. Fui eu quem mais me magoou com a mania de defender aquilo que não tinha defesa. Fui eu que dei o peito às balas. As mesmas que tu, sem dó nem piedade, decidiste disparar todas. Uma por uma certificando-te que acertavas no ponto em feroz e eficazmente me destruiria.
Fui eu que me coloquei em posição de luta e que apanhei todos e quaisquer murros no estômago que havia para apanhar. Por muito tempo.
Disto tudo sobrou uma auto-estima reduzida a zero e uma dor inquantificável que nada nem ninguém conseguiram atenuar.
E o que resta de alguém assim? Resta acreditar que o fundo do poço é sempre um bom lugar para retomar a escalada, descer mais é impossível.
Resta também acreditar que a reconquista do amor-próprio será longa mas certa. Resta arrumar a armadura desgastada de uma luta infrutífera e colocar o vestido de princesa que nunca devia ter deixado. Respirar, chorar, desabafar e pedir, pedir com muita força que a dor passe.
Resta aceitar a derrota e agradecer porque o coração ainda bate, embora desejássemos que não.
De todo a derradeira aventura ficam três agradecimentos: o primeiro por termos a coragem de enfrentar a guerra com os mesmos valores que nos orientam na vida. O segundo àqueles que continuam a dar-nos a mão mesmo quando temos vontade de continuar no chão. E o terceiro àqueles que nos demonstram o que não queremos ser ou fazer aos demais.
Dizem que lá para a frente vamos entender o desfecho dos acontecimentos. Eu, dona de uma fé inquantificável mas completamente céptica nesta questão, espero que sim. E que o Sol volte a brilhar tão intensamente como no dia em que iluminaste a minha vida.