Devo ao meu Pai os grande valores que me caracterizam: a justiça, a convicção, a determinação e o facto de aceitar os desafios com ansiedade mas também com força.
Devo-lhe aquilo que de melhor tenho, devo-lhe muito mais do que aquilo que as palavras conseguem ou conseguirão alguma vez traduzir.
Lembro-me de ver o Benfica sentada no colo dele. Não era a equipa que era levada ao colinho; era eu. Fui eu que vi o Benfica ser campeão e ganhar taças. Cresci a ver guerras entre clubes, a ouvir insultos desmedidos, a sentir aquilo que mais detestava que fizessem a um ser humano. E vi a postura do meu pai sempre imune a todas essas críticas, sempre fiel àquilo em que acreditava, sempre convicto de que a vida é muito mais do que o que os outros nos querem fazer acreditar.
Aprendi a relativizar as críticas infundadas e a louvar cada pequenino grão que ganhávamos. Aprendi a aplaudir muito mais do que a criticar. Aprendi a ver futebol de uma maneira muito mais intensa: observar mais, reclamar menos, gritar menos. Aprendi com o meu pai, o meu grande pai, a amar este clube que é mais do que um nome ou uma história. Muito mais do que alegria, muito mais do que um estádio.
Só sente o que é ser Benfiquista quem, de facto, o é. Quem acredita até ao fim, quem vai lá e apoia. Quem não desiste de ver o Benfica campeão; quem não sucumbe ao desânimo, quem faz dos momentos menos bons, novas formas de incentivar a equipa.
Só quem é Benfiquista de alma sabe o que é estar sentado num estádio e ver toda a gente saltar, gritar, festejar e sentir as lágrimas a correr pela face. Só um grande Benfiquista sabe que até ao último minuto, a bola é redonda e pode entrar em qualquer uma das duas balizas. Só quem é Benfiquista sente aquela explosão de alegria que nasce e cresce no momento em que o sonho começa a ganhar vida.
Só quem é do Benfica sabe o que é sentir o coração a bater tão forte e tão rápido e mesmo assim fingir que está tudo bem. Só nós, Benfiquistas, sabemos a importância de "acarditar".
Foi com o meu pai que aprendi o que é vencer. Foi com o meu pai que aprendi a amar este clube que levo ao peito; esta chama que me aquece e este amor infinito que me dá forças para continuar sempre: no campo e na vida.
Hoje continuamos em primeiro lugar, hoje continuamos a ser Benfica. Hoje fomos aquilo que toda a família Benfiquista esperou de nós. Hoje derramei lágrimas, senti o coração a bater mais forte, senti o que nunca conseguirei colocar em palavras: senti a minha alma Benfiquista.
Obrigada, Benfica, Obrigada Pai por me mostrares que no futebol, assim como na vida, não podemos ganhar sempre. Mas quando vencemos devemos festejar mesmo que levantem ondas e nos critiquem. Sendo assim, festejemos sem permitirmos que alguém cale um coração campeão!