domingo, março 15, 2020

Covid-19 - A Revolução da Emoção

Não tenho medo do Covid-19; tenho respeito. E como de saúde percebo pouco, de política muito menos e de economia pior ainda, sigo aquilo que me aconselham e, como sonhadora que sou, espero que o melhor aconteça.


Neste tempo de isolamento penso nas minhas pessoas. No quanto as valorizo, nas vezes em que as coloquei em primeiro lugar, nos momentos em que deixei tudo por elas. Em nenhum momento me arrependi. Em nenhum momento achei que foi um erro ser assim.


O que este isolamento veio potenciar foi a minha preocupação quanto aos meus. Potenciou a minha vontade de correr para ajudar os que estão na frente da batalha, a minha vontade de abraçar todos os restantes. Mas sei, por muito que me custe, que ajudar significa isolar-me. E que, por mais que me custe, não vos vou abraçar. Não vos vou olhar nos olhos e agradecer pelo imenso carinho que me deram ao longo destes anos.


Este isolamento potenciou ainda as minhas dúvidas quanto ao que quero alcançar e também ao que já percorri. A nível "material", o saldo é francamente positivo. A nível pessoal, ficam as dúvidas se podia ter feito mais, se podia ter estado mais presente, se vos dediquei o "tempo de antena" necessário.


Questiono-me quantas vidas ficaram ainda por melhorar. Quantas pessoas por abraçar? Quanto amor me faltou dar?


Hoje vivemos dias tão incertos e as minhas únicas dúvidas são estas: quanto do melhor de mim vos  faltou? Quantos beijos guardei? Quantas frustrações me fizeram recuar? Quantos de vocês precisaram da minha compreensão e eu vos faltei?

De todas as vezes que subi ao palco para receber prémios, de todos os diplomas que me entregaram, de todas as notas altas que alcancei... Troco tudo! Troco tudo para vos poder abraçar no palco da vida. Porque tudo o que fiz, neste momento sabe-me a pouco...
Dizem que é nos momentos de dor que mais crescemos. Eu considero que é nos momento de incerteza que fica a sensação de que podíamos ter feito mais. 
Terei eu falhado por muito? Terei eu estado aquém do que esperavam dos meus afectos? Terei eu faltado ao amor que me deram?
Terei eu feito a diferença nas vossas vidas?
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