E assim chega Dezembro. O
último mês do ano. Aquele mês que, como todos os meses de balanço, vem
polvilhado de sentimento.
O mês do Natal e da corrida desenfreada. Do
consumismo exacerbado. Mês de magia. De análise dos meses transactos e de
planeamento de um novo ano que está prestes a estrear e no qual poderemos fazer
o que quisermos.
Este ano Dezembro não será doce. Não sei o que me
trará o dia de amanhã mas sei que a análise retrospectiva não é a mais feliz.
Metade do ano foi passada a engolir uma mentira que me tira o sono, me consome e
me revolta. E isto por si só já é um peso que não se deseja a ninguém.
Um quarto do ano foi passado em aflições e idas
ao hospital. Outros tantos meses passados a segurar o mundo dos outros. Esses
outros que não me seguraram quando o meu caiu.
Ai 2015 como eu "botei" tanta fé em ti e como tu
me desiludiste tanto. E sim, não acredito que um mês mude a crueldade e a
desilusão que me foste presenteando.
Sempre vos disse, meus amigos, para viverem de
acordo com aquilo em que acreditam e para não cederem ao que a opinião alheia
diz a respeito da Vossa vida. Sempre alertei, sempre defendi que quando passamos
a viver em função dos outros deixamos de viver e passamos a existir. E foi isto,
meus amigos, foi isto que me aconteceu. Deixei que me manipulassem, mentissem e
me tirassem a única oportunidade decente que tive na vida.
E a gestão de tudo isto é difícil, é cruel. Exige
um trabalho interior muito grande e constante. Um trabalho minucioso. Há tanto
caminho que ainda tenho de percorrer para conseguir perdoar mas tenho de o
fazer. Não por eles mas por mim. Porque preciso de paz que não estou a ter.
Porque preciso de viver de acordo com aquilo em que acredito. Porque preciso
voltar a sentir-me gente; uma pessoa que merece respeito em vez de constantes
puxões de tapete.
É isto que eu te peço Dezembro. Mais paz e saúde.
O resto a gente vai acertando contas ao longo do ano. Porque em 2016 vou voltar
a ser livre e a viver de acordo com aquilo que defendo.
Está quase, quase, quase. E se pudesse dar um
conselho a mim própria seria: "Respira fundo, Sandra. Respira fundo e mantém-te
calma. Já falta muito pouquinho. Não partas a cara a ninguém. Não ofendas
ninguém embora saibas que há pessoas que o merecem. Não dês motivos para que
justifiquem a atitude deles. Mantém-te calma, não deixes o copo transbordar. Não
deixes que os puxões de tapete te derrubem. AGUENTA-TE!"
Engulo mais um litro de
lágrimas e tento desfazer o nó na garganta porque sei que a vida dá
muitas voltas. E que não há maior sensação do que acabar o que se começa com
dignidade. E porque nunca precisei de mentir a ninguém para me safar em nada. E
esta minha consciência tranquila não há nada que pague. Pudesse a minha
consciência acalmar a revolta e era eu uma mulher feliz.
Dezembro se não quiseres surpreender-me tudo bem,
não me chateio. Mas por favor, não me desiludas mais!
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