Se eu pudesse dirigir-me a mim própria nesta altura era isto que eu diria e começaria sem dó nem piedade. Nua e crua:
"Estas sufocada. Triste e cansada. Já eu e todos os teus amigos notamos isso. Estás a absorver todo e qualquer sinal negativo; tudo o que te deixar o dia mais negro. Até aqui tudo normal, há milhares de Sandrinha assim.
Mas achas bem estares a viver desse modo tão ansioso e estressante se nunca ganhaste tão pouco? Achas bem estares a absorver tanta revolta, tanto desespero por não conseguires cumprir um prazo? Por não conseguires beneficiar as pessoas que te roubaram os teus objectivos ? Achas bem ir para casa chorar, berrar ou gritar com as pessoas que te querem bem? Achas bem dizerem-te que precisas de parar, de tomar vitaminas, de fazer os teus exames de rotina e tu dizeres que não tens tempo porque não podes faltar ao trabalho? Achas bem? Achas?
Achas bem sentires a frustração galopar cada dia mais quando te são dados objectivos mas não te dão acesso aos recursos para os atingires?
Achas bem dares tanto por quem não tem consideração nem respeito por ti?
Achas bem não teres vontade de estar com os teus amigos nem com as tuas crianças que tanto significam para ti? Achas bem não te apetecer acordar, vestir ou tomar banho? Achas bem sentires irritabilidade só porque ainda faltam cinco minutos para terminar o teu programa preferido?
Achas bem rejeitares convites para almoçar porque tens de ficar no escritório a trabalhar? Achas bem, achas? ACHAS?
Todos temos um limite. Ontem tiveste consciência que chegaste ao teu. Sem paninhos quentes e sem desculpas. Está na hora de dar a volta. De pensares em ti, de pensares na tua vida, nos teus objectivos, nas tuas pessoas. Nas coisas que mais te dão prazer. Recomeça essa procura pela tranquilidade que tanto apreciada. Recomeça a viver de acordo com os teus princípios, sem medo. Sem rancor. Sem comparações. Sem medo do desconhecido.
A vida é tão curta e tão breve. Tão frágil, tão sublime. Achas bem vivê-la do modo que tens vivido? Ou melhor, achas bem desperdiçá-la do modo como o tens feito? Não sei se tenho mais vergonha de quem te leva a isso ou do facto de tu permitirem que tal aconteça. Mas sei que é dia de viragem. E que aquilo que te dilacera está a chegar ao final.
És feita de carne. Não vivas como se fosses de ferro!
O teu pai todos os dias vence o cancro. Se te deixares morrer, já imaginaste o sofrimento dele? Se a tua mãe luta todos os dias para te dar um futuro melhor, já imaginaste a dor agonizante dela se tu morreres?
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