domingo, janeiro 03, 2016

Há mar e mar... há ir e voltar

As luzes de Natal e os cânticos natalícios anunciavam a alegria que se avizinhava. Com as chuvas e os dias frios de Dezembro vieram também as dezenas de emigrantes que eu conheço. Vieram e encheram de luz o coração de país, filhos, amigos, colegas, conhecidos. Os lugares à mesa ficaram mais preenchidos. A pilha de louca por lavar acalentava o coração de uma mãe que vê as suas crias regressarem a casa.
Mas antes que as luzes se apaguem das ruas,  já a iluminação lá de casa se desvanece. Por este fim de semana, a triste realidade fez-se sentir e os "nossos" tiveram de regressar às suas vidas num país distante.
Para trás ficaram os lugares vazios, as roupas arrumadas, as lareiras demasiado quentes para corações desesperados de uma saudade que já se faz sentir.
Nos aviões de regresso aos seus países ou pelas estradas perigosas, são muitas famílias e, cada vez mais jovens, que levam as lágrimas nos olhos e um nó na garganta. Levam a certeza de um amor sem fronteiras mas também a frustração por serem obrigados a procurar estabilidade num país que não o seu.
Por cá fica a solidão tão difícil de preencher nestes primeiros tempos. E fica a saudade ímpar de quem foi privado de viver junto dos seus.
Desde pequena que oiço dizer" há mar e mar. Há ir e voltar". E é assim que vivemos o dia-a-dia: na esperança que o "lá "se torne cada vez mais perto e que os nossos estejam a aguentar o quotidiano o melhor que podem.
Dizem que o tempo cura tudo. Eu discordo. Há coisas que o tempo nunca curará: a saudade.

Àqueles que por estes dias me abraçaram, se despediram e que voaram em busca de condições que lhes permitam regressar às suas origens.

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